Petrobras: nem tudo é como parece

Petrobras: nem tudo é como parece


Um dos contra-argumentos para esvaziar a acusação de que o preço da Petrobras tem despencado por má gerência, ou melhor, ingerência do governo é apontar que as ações de todas as petrolíferas estão despencando com o preço deprimido do petróleo. Isso é verdade mas o contra-argumento não se segura quando se compara a magnitude da queda percentual da Petrobras e do setor. É isso o que mostra o gráfico abaixo.

Petrobras

O gráfico abaixo não é do preço da Petrobras e nem do preço do petróleo; é um índice que mostra a evolução do preço da Petrobras em relação à evolução das outras empresas no setor. Como podemos ver, a Petrobras tem caído mais que o setor. Porém, tem aí uma armadilha.

Os custos de produção da Petrobras, por volta de US$30 o barril, são maiores que a maioria das empresas no setor, especialmente as que operam no Oriente Médio (~US$10/barril), seja porque o petróleo brasileiro está em águas profundas, seja porque o custo do refino da Petrobras é maior. Isso se traduz em margens percentuais de lucro menores. A consequência disso é que a queda no preço do petróleo impacta a Petrobras muito mais que as suas concorrentes. O pessoal do mercado financeiro diria que ela está essencialmente mais alavancada (e os quants que o gama da Petrobras é mais alto).

Isso não quer dizer que a corrupção obscena não tem impacto na empresa, mas cabe perguntar em que medida a Bolsa já não a havia precificado. A corrupção na Petrobras pode ser novidade para a grande maioria da sociedade brasileira, mas os analistas de empresa brasileiros já estão acostumados a incluí-la nas suas planilhas, e não só na Petrobras. Até mesmo porque as denúncias de corrupção estouraram em 2013 e a empresa já apresentava queda em relação ao setor desde pelo menos o início de 2012. Então é bom aprofundar-se um pouco mais nas razões econômicas e financeiras da queda, antes de jogar o bebê fora com a água do banho.

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