A universidade pública já é privada
O ensino superior desvia 44% do dinheiro da educação. Digo “da educação” porque ensino superior não é educação; se fosse, o Estado teria que garantir vaga em universidade para todos, pois acesso universal à educação é direito constitucional. Não é nem serviço público, pois serviço público se define pelo atendimento dos que precisam, não dos que podem. O nome disso é privilégio e usurpação do Estado.
Agora, ninguém diplomado e empregado é pobre; pode muito bem repagar o investimento que o contribuinte fez na sua carreira, via Fies, para que o dinheiro possa efetivamente ir para a educação dos seus filhos. E isso pode ser proporcional à renda, como propuseram Padre Roque e Selma Schon – do PT, pasme! – em 2002, e apoiado pelo Cristovam Buarque no início do seu mandato (mas logo silenciado pelo partido).
Faltou do plano de Reforma do Estado do Bresser-Pereira publicizar as universidades estatais, i.e. transformar em OSC. É “democracia” o que os professores e alunos universitários querem, não é? Então que fiquem com a gestão. Mas aí, a universidade tem que sair da administração direta; não há nada de democrático em pessoas não eleitas, que não se reportam às que são, administrarem os recursos dos eleitores. Curiosamente não querem isso, frequentemente jogando a proposta no bolo difuso da “privatização”, da “mercantilização”, do “entreguismo”… Por que? Porque não querem perder a estabilidade de emprego; numa OSC seriam celetistas.
Outra falácia é dizer que as universidades públicas são as melhores do país, e que isso seria mexer em time que está ganhando. Claro que está ganhando! Têm quase monopólio sobre as verbas de pesquisa, contrata funcionários com termos irreais e pratica dumping vendendo seus cursos por zero… quantas universidades privadas podem competir? Praticamente só as com amparo financeiro da Igreja (e.g. PUC, Santa Casa, etc). Fora estas, só escolas de business: FGV, IBMEC, Insper, ESPM, que têm público cativo.
Uma vez que a universidade seja independente do Estado, recipiente tão-somente de bolsas de pesquisa, como são as universidades dos EUA, GB e Austrália, o Conselho Universitário que decida quanto, quando, de quem e se querem cobrar pelos seus cursos.
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