A raiz da violência é a privatização do cuidado

A raiz da violência é a privatização do cuidado


A violência no Brasil é consequência da privatização do cuidado, que resultou da dissolução do tecido social na urbanização, que escraviza mulheres trabalhando por teto e comida, sem remuneração, na função de cuidar das crianças, o futuro do país, sem liberdade econômica, totalmente dependentes de um homem, que é obrigado a trabalhar em 2-3 empregos para sustentar sua família, que não à toa enche a cara no fim do serviço, e quando chega em casa bate na mulher e nos filhos, que crescem num ambiente violento e replicam essa violência na rua, ainda se tornando dependentes de drogas para fugirem da sua realidade.

A violência doméstica, o alcoolismo, os altos índices de aborto, a dependência química, os distúrbios mentais, e outras tantas doenças psicossociais têm uma única raiz: a falta de liberdade econômica da mulher. No momento em que se privatizou o cuidado, no momento em que a sociedade lavou as mãos da sua responsabilidade de cuidar dos que não podem cuidar de si mesmos, deixou de ser uma comunidade.

Thatcher disse que “não existe sociedade; só existem indivíduos, homens e mulheres, e as suas famílias”. Ela estava certa, e continua certa, ainda que defendesse este status quo, que curiosamente é a própria antítese da liberdade individual. Em especial das mulheres, como ela.

A solução aqui é o reconhecimento do cuidado como trabalho, como contribuição à sociedade, como serviço social, público mesmo, que automaticamente merece remuneração, um salário, não uma série de bolsas, eliminando a necessidade de toda uma série de políticas assistenciais, em contrapartida exigindo que cuidadores sejam treinados, certificados, supervisionados, que cumpram obrigações para com quem cuidam e com a sociedade.

Nem sempre menos Estado promove mais liberdade. Neste caso, é o Estado que liberta, e o mercado que oprime.

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