Resistência à terceirização é classismo

Resistência à terceirização é classismo


Terceirizar é precarizar?

Se é, por que se está brigando pela não terceirização ao invés de brigar por melhores condições de trabalho aos terceirizados? Não é evidente que se há incentivo econômico para terceirizar é porque a regulamentação privilegia quem não é em detrimento de quem é? A briga é por melhores condições de trabalho para aqueles que mais precisam, ou pela manutenção dos privilégios daqueles que já as têm garantidas?

Onde começa o fim e termina o meio?

Qual é exatamente a diferença entre terceirização e contratação de empresas prestadoras de serviços? A diferença está em a função ser atividade meio ou atividade fim, argumenta-se. Atendimento ao cliente em call center é atividade meio ou atividade fim? E se no meio do atendimento o profissional vender um serviço adicional, estará vestindo dois chapéus?

A questão não é essa. A questão é quem, não o que. Atividade fim: bancário. Atividade meio: porteiro. É claro que as condições de trabalho do porteiro, no Brasil, são piores que a do bancário. Por isso o sindicato dos bancários reclama. O que diz o sindicato dos porteiros? “Para os condomínios, a lei só é interessante caso seja colocado no texto que prevalece a categoria preponderante.” Claro, os porteiros já são terceirizados; isso não vai mudar. O que eles querem, e com justiça, é ter as mesmas proteções que têm aqueles nas áreas fins.

 

A resistência à terceirização é classismo

Além de, ao invés de brigar por melhores condições de trabalho para quem é terceirizado, estes que gritam contra a terceirização – na verdade gritam só contra serem terceirizados eles mesmos – ignoram o efeito que esses privilégios têm sobre a informalidade do mercado de trabalho. Ignoram que 20 milhões, 1 em cada 5 trabalhadores brasileiros, está no mercado informal, sem direito trabalhista algum. Sem contar as suas famílias, que, guardadas as proporções, somam no mínimo mais 20 milhões de brasileiros. Isso sim é precarização! Estes nem porteiros são. Levando-se em conta o apartheid social brasileiro, a omissão disso no discurso é praticamente racismo institucional.

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