Ninguém nasce anti-semita ou anti-islâmico

Ninguém nasce anti-semita ou anti-islâmico


Sem dúvida, o preconceito contra judeus e muçulmanos tem aumentado na Europa (PewResearchCenter):

E nos últimos 7 anos isso não tem melhorado (PewReportCenter, 2015):

Então como se pode dizer que não há anti-semitas ou anti-islâmicos?

A anatomia de um preconceito

Frequentemente, sionistas respondem quem critica Israel com uma acusação: “você é anti-semita”. A réplica é um evidente ad hominem. Sem dúvida há quem critica Israel e também tem preconceitos contra judeus, mas não é necessário ter preconceitos contra um povo para criticar um país. Em contrapartida, a recíproca é verdadeira; todos que têm preconceito contra judeus são críticos de Israel. E é isso o que a hasbará, a propaganda sionista, usa para fazer esta sinapse automática de crítica a Israel com anti-semitismo.

Por que? Porque com isso deixa-se a impressão de que esse preconceito é nato, não adquirido. Argumenta-se que, sendo o preconceito irracional, ele só pode ser da natureza primária do indivíduo. Genético até. Com isso evita-se examinar quaisquer causas do preconceito. Se estas são conjecturadas, a resposta é que se está culpando a vítima pelo crime. Esta é outra falácia, a da ambivalência, que confunde explicar com justificar. Crimes não são justificáveis – se fossem justos, não seriam crimes – mas isso não impede que sejam explicados. Explicando-os pode-se preveni-los. Se, por exemplo, identifica-se que o roubo é frequente porque a desigualdade e a impunidade são altas, isso não implica que o roubo seja justo.

Da mesma forma que quem tem preconceito contra judeus é crítico de Israel, quem é crítico de Israel é também crítico dos Estados Unidos. Logo, pelo menos uma parte daquilo que se percebe como anti-semitismo é na verdade anti-imperialismo.

Não se observa tão frequentemente o mesmo discurso com relação à islamofobia, pelo menos não na imprensa de línguas européias, mas vale a mesma lógica. Muitas das críticas que se faz a organizações islâmicas são imediatamente taxadas de islamofobia. Há aí a mesma estratégia de se esquivar da crítica via ad hominem e explorando o uso ambíguo das palavras. A verdade é que ninguém nasce anti-semita ou anti-islâmico; são na realidade ambos lados da mesma moeda: racismo e xenofobia. E, de fato, se cruzarmos os números acima em único gráfico, a correlação é evidente (PewReportCenter, 2008):

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